Ricardo Marques, até 2024, era vereador e tinha sua reeleição praticamente garantida naquele ano, mas decidiu dar um voto de confiança à então candidata Emília Corrêa, aceitando o desafio de compor sua chapa como vice-prefeito de Aracaju, num movimento decisivo para a vitória da atual prefeita na capital sergipana. Ele somava boa imagem nas redes e credibilidade popular. No entanto, não demorou muito para que ele esbarrasse na vaidade da gestora.
O que se diz nos bastidores é que o sucesso e a visibilidade de Ricardo passaram a incomodar. Popular e com potencial para brilhar mais que a chefe do Executivo, ele virou alvo de uma tentativa silenciosa de apagamento dentro da gestão.
O estopim foi a aprovação de um projeto na Câmara de Vereadores que esvaziou parte das atribuições do vice-prefeito. Mas a situação ganhou ainda mais forma quando Emília anunciou o jornalista Carlos Ferreira como porta-voz da prefeitura. A criação do cargo soou, para muitos, como uma afronta direta ao próprio Ricardo, já que é ele quem comanda a Comunicação da gestão. A função de porta-voz, em tese, deveria ser naturalmente exercida por ele.
E é aí que o destino entra com sua dose de ironia. Ao desprezar o vice-prefeito e criar um novo canal de fala para sua gestão, Emília acabou abrindo espaço para o desgaste, justamente na área que Ricardo mais domina: a comunicação.
Carlos Ferreira vem protagonizando episódios polêmicos nas redes sociais ao tentar defender a prefeita. O mais recente deles envolveu a deputada federal Yandra Moura, que acusou o jornalista de sexismo após ele tentar desqualificar suas críticas sobre a crise do lixo em Aracaju.
O episódio provocou forte repercussão negativa para a gestão. E, lembrando, não é um caso isolado. O jornalista também se envolveu em polêmica com o Legislativo, agravando ainda mais a relação tensa da prefeitura com os parlamentares.